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23 de Abril de 2024

ʺQueda de homicídios em SP é obra do PCC, e não da políciaʺ, diz pesquisador da Universidade de Cambridge

Publicado por Paula Argolo
há 8 anos

Queda de homicdios em SP obra do PCC e no da polcia diz pesquisador da Universidade de Cambridge

Recentemente, o governo do Estado de São Paulo anunciou uma queda histórica no número de homicídios dolosos do Estado. No ano passado, o índice ficou em 8,73 por 100 mil habitantes - abaixo de 10 por 100 mil pela primeira vez desde 2001.

Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB):

"Isso não é obra do acaso. É fruto de muita dedicação. Policiais morreram, perderam suas vidas, heróis anônimos, para que São Paulo pudesse conseguir essa conquista".

No entanto, para Graham Willis, pesquisador da Universidade de Cambridge, a queda na taxa de homicídios é responsabilidade do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios do Estado.

"A regulação do PCC é o principal fator sobre a vida e a morte em São Paulo. O PCC é produto, produtor e regulador da violência", afirma o pesquisador.

Willis acompanhou a rotina de policiais do DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo entre 2009 e 2012 e teve acesso a diversos documentos internos apreendidos com um membro da facção. Além disso, a pesquisa ouviu moradores, comerciantes e criminosos em uma comunidade dominada pela facção na zona leste de São Paulo, em 2007 e 2011.

O PCC e a redução no número de homicídios

Segundo a teoria de Willis, políticas públicas de redução da violência não teriam um resultado tão imediato:

"A queda foi tão rápida que não indica um fator socioeconômico ou de policiamento, que seria algo de longo prazo. Deu-se em vários espaços da cidade mais ou menos na mesma época. E não há dados sobre políticas públicas específicas nesses locais para explicar essas tendências", afirmou.

"O sistema de segurança pública nunca estabeleceu por que houve essa queda de homicídios nos últimos 15 anos. E nunca transmitiu uma história crível. Falam em políticas públicas, policiamento de hotspots (áreas críticas), mas isso não dá para explicar", complementa.

Em bairros periféricos como Jardim Ângela, Cidade Tiradentes, Capão Redondo, Brasilândia a redução de quase 80% do número de homicídios coincide com o momento, a partir de 2003, em que a estrutura do PCC se ramifica e chega ao cotidiano dessas regiões.

PCC: uma nova ordem social

A pesquisa de Willis descobriu que o PCC através de suas próprias regras, funciona como um substituído da autoridade policial que é frequentemente vista como corrupta e violenta pelos moradores de bairros periféricos:

"Quando estive numa comunidade controlada pela facção, moradores diziam que podiam dormir tranquilos com portas e janelas destrancadas", escreve Willis no recém-lançado The Killing Consensus: Police, Organized Crime and the Regulation of Life and Death in Urban Brazil (O Consenso Assassino: Polícia, Crime Organizado e a Regulação da Vida e da Morte no Brasil Urbano, em tradução livre).

Os estudos de Willis apontam que a estrutura do poder do PCC se baseia na segurança relativa, noções de solidariedade e estruturas de assistência social, criando uma nova ordem social em regiões em que o Estado não está presente de forma adequada.

Fonte: BBC Brasil

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1 Comentário

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E isso mesmo, em um Pais onde a corrupção vem dos altos escalões da sociedade, a sociedade se sente mais segura e protegida pelos membros de um poder paralelo, que ao meu ver tem tido mais zelo e respeito pelos cidadaos de classes mais baixas de São Paulo continuar lendo